quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Seminário de Ética reúne profissionais e estudantes na sede do Crea-DF

Escrito por Fernanda Fernandes, em 24/08/2011, para Conselho Federal de Engenharia e Agronomia - CONFEA

Na última segunda-feira, 22 de agosto, aconteceu na sede do Crea-DF, o seminário do projeto Ética das Profissões, com o tema Cidadania, Ética e Sustentabilidade. O evento reuniu profissionais e estudantes de diversas cidades. Para o coordenador do Projeto Ética Profissional, Edison Macedo, o Seminário foi um sucesso. “Foram mais de cem inscrições e essa frequência manteve-se do início ao fim”. Edison ressaltou que a Nova Campanha do Projeto de Ética está estimulando ainda mais a participação dos profissionais.

Durante a manhã, o professor Alípio Casali apresentou uma espécie de “aulão” sobre ética para os profissionais e estudantes que estavam presentes. De 14h às 15h30, Luciana Aguiar, do instituto Ethos de Responsabilidade Social, explicou sobre os movimentos ético-cidadãos, como o Movimento Anticorrupção e o projeto Jogos Limpos. Para encerrar, foi abordado o novo Código de Ética Profissional da Engenharia, da Arquitetura, da Agronomia, da Geologia, da Geografia e da Meteorologia.

O evento recebeu estudantes durante todo o dia. Para o coordenador do Crea Junior MG, Thiago Xavier Bedette Gomes, a ética é um assunto frágil, pois ainda é muito pouco discutida. “É aquilo que todo mundo diz saber do que se trata, mas quase nunca discute”. Para ele, deveria ser um assunto mais natural, uma vez que “o Sistema Confea/Crea visa proteger a sociedade dos maus profissionais”. Thiago ressalta que o curso de Engenharia de Produção que cursa não tem nenhuma disciplina que dê base sobre ética profissional.

Para o coordenador nacional dos Creas-Juniores e coordenador do Crea Junior-RR, Yuri da Silva Matos, é preciso ter a visão de que um curso de graduação “não forma apenas profissionais, forma cidadãos”. Entretanto, Yuri lembra que “o conhecimento da ética deve surgir ainda na base de vida das pessoas e não só na faculdade”. Segundo ele, tudo que foi visto e absorvido no seminário será passado depois a todos os estudantes dos Creas Juniores. Participaram ainda, representantes dos Creas Juniores de MT, GO e AM.

A estudante do 4° semestre de Engenharia Ambiental, Vanessa Duarte, elogiou a iniciativa do Confea. “Tem muita coisa que eles não falam nas aulas e que eu estou vendo aqui”. Ela esclarece que, mesmo tendo uma matéria especifica sobre ética na faculdade, geralmente o assunto não é aprofundado da maneira com ela viu no seminário.

Para o coordenador do Projeto Ética das Profissões, do Confea, a presença dos estudantes no evento é positiva.“Talvez o momento da graduação seja o momento ideal para se plantar a semente de ética profissional. O projeto pretende pelo menos amenizar a deficiência que existe em muitas escolas em que não se aplicam ensinamentos de ética”.

No entanto, não foram apenas os estudantes que tiraram proveito das exposições e explicações. A geóloga Ângela Daher declarou que ações como essa fazem com que o tema Ética fique mais envolvente para os profissionais. Ela ressalta que o assunto é importante não só para profissionais ligados ao sistema, mas para todas as outras profissões. “São práticas que devem advir desde a criação do cidadão, e no processo de graduação”.

O engenheiro civil Severino Silva assistiu ao seminário e disse ser uma novidade para ele uma divulgação de dimensão como a nova campanha de ética. “A novidade não está na existência do Código de Ética, mas sim na possibilidade de participar de um seminário que trate sobre o Código”.

Esse mesmo seminário já aconteceu no dia 10/08 em Florianopolis, SC, e está agendado para o dia 13/09 no Recife, PE.

Fernanda Fernandes
Assessoria de Comunicação do Confea

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Marcha das Margaridas alerta para situação da mulher no campo

Escrito por Fernanda Fernandes, em 18/08/2011, para Conselho Federal de Engenharia e Agronomia - CONFEA

Segundo dados divulgados pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), na última terça e quarta-feira, cerca de 45 mil pessoas de todo Brasil se reuniram, em Brasília, para a 4ª Marcha das Margaridas. O lema deste ano, “Desenvolvimento Sustentável com Justiça, Autonomia, Igualdade e Liberdade”, tem como objetivo garantir os direitos das mulheres, principalmente as que moram em zonas rurais, reivindicando por melhores condições de vida e trabalho no campo, contra a discriminação e violência.

O evento, que aconteceu também em 2000, 2003 e 2007, leva esse nome e acontece sempre no mês de agosto em memória da líder sindical, Margarida Alves, que defendia os direitos dos trabalhadores rurais. Margarida foi assassinada no dia 12 de agosto de 1983, com um tiro no rosto, em Alagoa Grande, PB.

Para a coordenadora da Câmara Especializada Agronomia do Crea-GO, a engenheira agrônoma Elíria Alves Teixeira, uma marcha como esta, além de reivindicar os direitos das trabalhadoras rurais, serve também para mostrar que aos poucos, as mulheres estão ultrapassando as barreiras e a discriminação. “A partir do momento em que as próprias mulheres entendem que são capazes, produtivas, e que têm competência para lutar por seus direitos e quebrar a discriminação, fica bem mais fácil”, afirmou Elíria. Para ela, é preciso ser feito também um trabalho de valorização da mulher e do trabalho rural que não tem sua importância reconhecida o suficiente na sociedade. A engenheira destacou ainda a importância de uma assistência técnica para uma produção sustentável, especialmente na questão dos agrotóxicos: “Uma melhora nesse sentido, uma produção sustentável, faz com eu que os alimentos cheguem às nossas mesas mais saudáveis”.

Durante estes 11 anos de caminhada das margaridas, uma das conquistas significativas foi a aposentadoria para trabalhadoras rurais aos 55 anos de idade; a emissão de documentação das mulheres que não conseguiam acesso às políticas públicas, como a Bolsa Família; a titularização na divisão da reforma agrária no nome das mulheres; a criação do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) Mulher, a visibilidade sobre os casos de violência e discriminação contra as mulheres, entre outras.

A lista de reivindicações apresentadas pelas trabalhadoras, nesta 4ª edição da marcha, vem sendo discutida no congresso, e possui mais de 150 itens com base em temas como biodiversidade, segurança alimentar, participação política, autonomia econômica, saúde, educação e violência.

A presidenta Dilma Rousseff, de acordo com divulgação da Agência Brasil, anunciou em encontro com a marcha, na tarde de quarta-feira, uma serie de medidas que pretende lançar até o final de 2012. Entre elas, a implantação de 16 unidades fluviais de atendimento básico de saúde na Região Norte, a instalação de dez centros de saúde do trabalhador, e a liberação de recursos para criação de dez unidades móveis de atendimento para mulheres em situação de emergência em áreas rurais e em florestas.

Marcelina Goulart, funcionária do Confea, trabalhou no campo  durante muitos anos na cidade de Cedral, no Maranhão. Segundo ela, antigamente os trabalhadores, tanto homens quanto mulheres, trabalhavam praticamente o dia todo, sem nenhuma segurança. "A gente trabalhava com facão e não tinha nenhum meio de segurança. Se cortasse o dedo, ficava sem, e não tinha médico, era remédio do mato mesmo", explicou. A respeito da Marcha das Margaridas, Marcelina declarou: "Acho muito boa essa iniciativa, pois, na minha época as mulheres que trabalhavam no campo eram esquecidas. Elas colhiam café, quebravam coco, arrancavam mandioca, faziam farinha, enfim, faziam um trabalho da roça, durante muitos anos, e completavam seus 60, 70 anos sem conseguir se aposentar".

Fernanda Fernandes
Assessoria de Comunicação do Confea
Foto: Agência Brasil